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Quando se fala de pirâmides financeiras em alguma manchete de jornal ou na TV, alguns lembram das mais clássicas: Telexfree, Avestruz Master e Boi Gordo. Temos as mais recentes, dessa vez, envolvendo moedas digitais (Criptomoedas): MinerWorld, KriptaCoin e BinaryBit. Existem inúmeros casos de pirâmides financeiras no Brasil, muitos já falidos, outros sob investigação, mas, com tantas reportagens e notícias expondo e explicando como funcionam os esquemas de pirâmides, muitos brasileiros ainda caem nesses golpes, a promessa de dinheiro fácil atrai muita gente, não é?

Entendendo um esquema de pirâmide

Antes de tudo é necessário distinguir o que é um esquema de pirâmide. Basicamente uma pessoa cobra de outra para dar ferramentas e instruções de como ganhar dinheiro, geralmente é necessário agregar mais pessoas no esquema para lucrar e quanto mais entram por sua indicação mais pessoas te pagam para tal, sempre dando comissão para aquele que te indicou.
Então, um indivíduo começa o esquema, normalmente oferecendo dinheiro fácil, revenda de produtos ou investimentos com rendimentos absurdos, sempre cobrando uma taxa inicial para entrada.
E quanto mais gente nova você trouxer para o esquema, maior seu rendimento, sua comissão ou sua revenda de produtos, basta pagar uma pequena quantia para o primeiro que te agregou na pseudo empresa. - Cointimes

Charles Ponzi, O primeiro “Faraó”

No ano de 1920. o ítalo-americano Charles Ponzi criou um grande esquema de pirâmide, em que eram “comprados” selos internacionais e vendidos nos Estados Unidos por um grande valor, Ponzi então arrecadou uma grande quantia de dinheiro, mas, ele não comprava os selos, prometia um retorno de 50% em 45 dias, chegando a 100% em até 3 meses, usando dinheiro de novos investidores. Ponzi convenceu amigos e parceiros a participarem e divulgarem o negócio, prometendo uma bonificação a cada pessoa que trouxesse novos investidores. O “negócio” estava se expandindo para outras cidades dos Estados Unidos, já com milhões de dólares ganhos com o esquema, Ponzi conseguiu trazer sua mãe da Itália para os Estados Unidos, comprou uma mansão e esbanjou do luxo. No dia 26 de julho, o sistema começa a colapsar, muitas pessoas já haviam vendido e hipotecado suas casas na esperança de obterem maiores lucros, a “empresa” de Ponzi sofreu intervenção do governo e já não podia recolher mais dinheiro. No mesmo ano, Ponzi foi detido, mas pagou uma fiança, depois tentou aplicar novamente o golpe, dessa vez, nenhum investidor teve benefícios ou foram ressarcidos. Ponzi foi deportado para Itália, e depois emigrou novamente, desta vez para o Brasil, onde passou o resto de seus dias na pobreza e miséria.

Faraós no Brasil

No “querido e amado” Brasil existem vários esquemas de pirâmides financeiras, a criatividade dos golpistas não tem limites, a cada ano sempre surge uma “novidade”, um esquema novo, mas as fórmulas são as mesmas, e uma delas, é persuadir o máximo as pessoas a ponto de muitos considerarem uma “lavagem cerebral”.

Primeiras Pirâmides no Brasil

​Nos anos 90 surgiu o esquema de “Engorda de Gado nas Fazendas Reunidas Boi Gordo”, a empresa foi fundada em 1998, mas só começou a operar nos anos 90. O esquema funcionava na criação de bezerros e na engorda de bois, mas os lucros obtidos era devido a entrada de novos usuários, prometiam um lucro de 42% em um período de um ano e meio. A “empresa” investiu em propagandas na TV, onde o ator Antônio Fagundes apresentava a Boi Gordo nos intervalos da novela Rei do Gado. O esquema começou a colapsar em 2001, pois já não tinha recursos para pagar seus investidores, em 2004 foi decretado falência das Fazendas Reunidas Boi Gordo, o prejuízo foi estimado em mais de 4 bilhões de reais.
​A Avestruz Master foi outro caso de pirâmide que tinha animais como “produto”. a Avestruz Master foi fundada em 1998, vendia contratos de compra e venda de Avestruz, mas igual a Boi Gordo, o lucro não vinha das avestruzes, e sim dos novos investidores. A empresa investiu pesado em propagandas em 2004, 4 milhões foram gastos em publicidades e 100.000 reais foram gastos em ração para as aves, a empresa, em teoria teria comercializado 600 mil avestruzes, mas só possuía 68 mil. O esquema faliu em 2005, a empresa fechou as portas e os donos fugiram para o Paraguai, o prejuízo para os investidores foi estimado em 1 bilhão de reais.

Das TV’s para a internet

A empresa TelexFree, fundada em 2012, operou um esquema ponzi sob um serviço de telefonia (VoIP), que permitia ligações telefônicas via Internet, sem a autorização da Anatel, era oferecido o “produto” (aplicativo de chamadas e divulgação do software), mas ninguém o utilizava, pois o que importava eram os ganhos que a empresa oferecia, e esses ganhos eram provenientes de novos investidores. A TelexFree foi expandida e causou prejuízo em vários países, como: Estados Unidos (onde possuía uma sede fictícia), Reino Unido, República Dominicana, Peru e Portugal. No Brasil, estima-se que a dívida da TelexFree aos investidores é de 3 bilhões de Reais. O caso foi considerado a maior fraude financeira da história do Brasil.

Grupos de WhatsApp e Facebook - Giro Solidário

Recentemente estava bombando um novo golpe nos grupos de Facebook e WhatsApp chamado Giro Solidário. O golpe funciona da seguinte maneira: é criado um grupo no WhatsApp (ou outro aplicativo de mensagens que permita grupos) com 15 pessoas, essas 15 pessoas terão que investir 130 reais e convidar novas pessoas para a roleta “girar”, ela chegará no “centro” da roleta, assim, ganhando mil reais. O mais importante é que os grupos não parem e que mais pessoas depositem, mas, sabemos que uma hora a pirâmide cai. Em vários comentários no YouTube e Facebook é perceptível que muitos estão seduzidos pelo golpe e defendem com unhas e dentes (de forma agressiva) quem aponta que um esquema é obviamente uma pirâmide e golpe.

Criptomoedas (e pseudo-criptomoedas)

Recentemente vemos várias reportagens falando sobre o alto valor das criptomoedas, a mais famosa delas, o Bitcoin, como de costume, as emissoras de TV costumam exibir o Bitcoin como um investimento em que você obtém lucros de forma rápida, mas não é bem assim. Aproveitando a onda das criptomoedas, muitas pirâmides internacionais e nacionais surgiram.

HashOcean e o faraó Neiton Souza

Em 2016 houve uma febre de “mineradoras em nuvem” por conta da alta no preço do Bitcoin, a moeda estava em vários jornais nacionais e internacionais, e como muitos gostam do “jeitinho brasileiro” de ganhar dinheiro fácil, começaram a pesquisar e acreditar em qualquer vídeo que fale sobre o Bitcoin. Nisso, muitos conheceram o grande faraó Neilton Souza oferecendo uma “empresa” que segundo ele era “justa e honesta”. Neilton sempre publicava vídeos em seu canal mostrando os pagamentos, seja sozinho, com amigos ou parentes, tudo isso para garantir a confiança de quem queria investir na “empresa”. Muitos estavam seduzidos pela proposta da HashOcean, de fato a empresa pagava corretamente seus investidores, mas como todos nós sabemos, o dinheiro era proveniente de novos investidores. A empresa alegava no seu site que tinham fazendas de minerações nos Estados Unidos, Singapura e Alemanha. No site da HashOcean dizia que seus serviços estavam ativos desde 2012, mas o site só entrou no ar em 2015. Quando pesquisado no Google Maps o endereço da HashOcean, é mostrado Data Centers da Genesis Mining e uma foto de uma cafeteria, ou seja, ela não possuía uma sede física. No dia 26 de Julho de 2016 a HashOcean “fecha as portas” e dá um prejuízo a mais de 700.000 usuários no mundo, nos quais venderam carros e casas para investirem, foi prometido o ressarcimento dos investidores, mas não ocorreu. No Brasil, muitos usuários revoltados cobraram uma posição do Neilton Souza, o mesmo deu um pronunciamento bem breve dizendo que “vai voltar, é só uma manutenção”, logo após foi publicado um áudio no facebook e youtube onde é possível ouvir o Neilton chorando e falando que “acabou tudo”. Três petições individuais foram criadas para que o FBI e Interpol investigassem a HashOcean, mas até hoje, nada foi feito. Neilton Souza hoje em dia possui um canal com pouco alcance e visualizações onde faz especulações em operações Forex.
Observação: HashOcean possui poucas fontes, a maior parte do conteúdo escrito se deram por conta de lembranças minhas, já que acompanhei de perto todo o desenrolar do caso em grupos de criptomoedas no Facebook e em canais do Youtube, mesmo assim irei deixar as poucas fontes que encontrei.

KriptaCoin, a criptomoeda que nunca existiu

Wall Street Corporate, “empresa” criada em 2013, criou a “KriptaCoin” uma moeda fictícia e também esquema de pirâmide, o início do esquema foi em 2017. A “empresa” prometia rendimentos de até 1% diários com a moeda, mas o dinheiro só podia ser resgatado depois de um ano. O esquema faliu por se tratar de uma Criptomoeda que nunca existiu, os lucros eram ganhos pela entrada de novos investidores, alguns investidores alegam que quando tentaram retirar o dinheiro investido, eram ameaçados e coagidos a manter o dinheiro na “empresa”. Para fazer com que as pessoas acreditem no potencial da “empresa”, os golpistas ostentavam suas vidas de luxo nas redes sociais, viagens de helicóptero, jatinhos, contagem de dinheiro, carros de luxo, tudo para passar a imagem de que a KriptaCoin poderia de fato mudar a vida de quem investisse na “moeda”. O esquema foi desarticulado durante a Operação Patrick em 2017, onde 11 pessoas foram presas, Os crimes investigados são: lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsificação de documentos e pirâmide financeira. Segundo investigações, a KriptaCoin movimentou mais de 250 milhões de reais. Cerca de 40 mil pessoas investiram no esquema; houve vítimas em todo o Brasil. A empresa utilizava contas de terceiros, nomes falsos e documentos falsificados em suas operações, além de adquirir bens de alto valor como carros de luxo e até mesmo um helicóptero que serão leiloados para ressarcir as vitimas.

MinerWorld

Minerworld foi um esquema de pirâmide envolvendo Bitcoin, oferecia pacotes de “mineração em nuvem” e prometia lucros de 100% em até 12 meses. Quando a pirâmide caiu, eles alegaram ter sofrido um “ataque hacker”, e que por isso, iria demorar para ressarcir seus investidores. A “empresa” dizia que operava no Paraguai, mas, a legislação paraguaia alega que a “empresa” apenas fazia transações ilegais. Ao menos 50.000 pessoas foram prejudicadas com o esquema.

Por que tantas pessoas ainda caem nesses golpes?

Principais fatores que levam pessoas a caírem em esquemas de pirâmide:
  • Educação Financeira: poucos tem acesso ou não pesquisam sobre o tema;
  • Sede de dinheiro fácil: muitos tem a ignorância de achar que dinheiro pode ser ganhar com pouco esforço, a pessoa pode até conseguir, mas não é de forma honesta.
  • Ignorância: pessoas se deixam seduzir pela proposta dos golpistas, não procuram mais informações e acabam investindo, muitas vezes essas pessoas já caíram em golpes anteriores, detectam algumas características de pirâmide, mas ainda insistem em achar que é um bom investimento.

A mesma receita para o bolo

Para identificar um esquema de pirâmide não precisa de muito esforço, basta ficar atento aos detalhes de quem está lhe oferecendo o “produto”.
  • lgumas característicam que pode identificar uma pirâmide financeira:
  • Promessas de retorno alto em curto prazo (que geralmente depende de novos investidores);
  • Poucos detalhes sobre a empresa, não se dá muito detalhes de como ela funciona sem que ao menos a pessoa queira participar;
  • Precisam explicar de várias formas de que não é pirâmide e tentam o máximo garantir de que a “empresa” é justa;
  • Ostentação exagerada de ganhos dos donos e investidores;
  • Eventos de luxo promovidos pela empresa, dando a entender que seus lucros realmente são altos a ponto de gastarem muito com grandes eventos.

Para aprender sobre criptomoedas e investimentos:

Daniel Fraga
Material de estudos - Academia do investidor digital
Canal Primo Pobre Bitcoinheiros e Podcasts do Renato 3e8itão
OBS: Os sites e canais citados estão citados como fonte para conhecimento, não são patrocinados ou promovidos.
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